quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Palavras repetidas


Queria transcrever no papel o turbilhão de sentimentos que você causa,amor.Queria eu fazer-te em versos de forma inédita,mas sua grandeza me remete a versos consagrados e tenho medo de que meus sentimentos sejam mera tolice frente aos poetas que te definem tão bem.

O que dizer de ti se eu já te vejo em linhas que não são minhas? Como transformar todo seu encanto em poesia, quando um simples toque parece ter saído das tintas de Neruda, “Tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha... tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho''?

Como dizer em palavras minhas o que sua presença significa já que Vinícius,aquele que viveu a paixão como ninguém, respondeu-me que ''é um sossego, uma unção,um transbordamento de carícias''?

Seria bom se eu pudesse inventar palavras como o ''teadorar'' que Bandeira já inventou e que tão bem lhe cabe,mas diante do choque paralisante que sua lembrança exerce em mim,as palavras todas ficam vãs e me sinto incapaz de me arriscar a inventá-las.

Só sei dizer que quando eu te vejo querido,o dia se abre.O próprio Pessoa diria que você é ''a tela irreal em que erro em cor a minha arte'',e em tudo concordo,menos no irreal,pois ter a ciência de que você é realidade me desconcerta ... me faz querer ser grande como Byron,Drummond,Florbela e tantos outros,para cantar-te e saudar a poesia que é você.

Queria fazer rimas com seu olhar que conversa com o meu num silêncio que conforta o coração, e poder fazer de nossas peles uma só,formando uma coisa infinita como a sensação de ser mulher ao lado teu.

Enquanto não consigo,sigo contemplando os poetas que me ajudam a te interpretar,e assim,vou tentando encontrar uma forma unicamente minha de lhe descrever.


Obrigada Ana Cecília,pela ajuda e revisão,sempre tão bem vindas ;)