domingo, 30 de setembro de 2012

O Ciúme




É ao som de Caetano Veloso que inicio este post, depois de mais de um mês sem por aqui dar as caras.

Como todos sabem ,adoro me contar. Como escreveu Drummond - de forma tão bela que sempre penso que é para mim e sobre mim -, ''preciso de todos''. Acontece que nos últimos meses fui tomada por um sentimento não tão inédito assim, mas que em mim se manifestou como tal em sua intensidade, o que me tem causado enorme estranheza: O ciúme.

No dicionário, entre outras definições, pode-se dizer que ciúme é:

 1. Inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade no amor ou em outra aspiração.
2. Vigilância ansiosa ou suspeitosa nascida dessa inquietação.
3. Ressentimento invejoso contra um rival ou suposto rival mais eficiente ou mais bem-sucedido, ou contra o possessor de uma vantagem material ou intelectual cobiçada''.

Dentro de mim não sei se é tão ao pé da letra como o pai dos burros define. Talvez seja assim, mas de forma mais branda, ou mesmo seja uma onda indesejável que vai e volta sem querer. O fato é que o danado apareceu em mim depois de uma intuição que nem sei se era certa, e ao identificá-lo, fiquei  muitíssimo envergonhada por senti-lo em mim.

Voltando ao meu querido Caetano Veloso, uma música em especial é que me fez escrever essas palavras tortas sobre esse sentimento que não gosto, mas vem me visitar às vezes. A música é justamente ''O ciúme''. Ele diz em um dos versos da canção que '' O ciúme lançou sua flecha preta e acertou no meio exato da garganta''. Se eu fosse definir tão estranho sentimento, o faria como Caê fez, pois é exatamente como vejo o ciúme : uma flecha traiçoeira que nos acerta assim, meio de bobeira.

Uma das palavras que permeiam o ciúme, com certeza é Tragédia. Digo isso com base em três exemplos da literatura. São eles: Otelo, que através do ciúme teve seu triste fim nas mãos de Desdêmona; Bentinho, de Dom Casmurro e sua Capitu e por último e não menos importante, o ciumento que mais mexeu comigo, Paulo Honório, do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos. Este último faz com que o ciúme culmine numa solidão devastadora, do tipo que ninguém deseja.

O fato é que não gosto nada do ciúme. Há quem o ache até ''engraçadinho''. Para mim é mais uma forma de deixar as coisas nebulosas e causar neuroses que muitas vezes são desnecessárias. Em outro verso da música, Caetano diz sobre o ciúme que ''Tanta gente canta, tanta gente cala'‘, e arremata dizendo que ''Sobre toda estrada, sobre toda sala paira, monstruosa, a sombra do ciúme. '' É por isso que resolvi escrever sobre ele : Para gritar aos quatro ventos que eu sou mais do que ele e quando ele teimar em aparecer, o chutarei para um canto qualquer esquecido e de preferência FORA de mim.

domingo, 2 de setembro de 2012

Kundera em mim

“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo ‘esboço’ não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.”


Milan Kundera me ronda....

Teresa me ronda. Tomas me ronda. Sabina me ronda.

Esses personagens entraram em minha vida e me fizeram pensar...mudar...refletir...

Me sinto pesadamente leve e levemente pesada.