Depois de mais uma transa, ele foi tomar uma água.
Eu fiquei ali, estirada no sofá. Quando ele voltou, me abraçou. Ao me abraçar,
não resisti. Desabei. E ali, com minhas lágrimas escorrendo em seus braços, comecei a pensar no porquê de
me emocionar depois de um ato tão aparentemente carnal. Fazendo uma leitura
mais profunda do que havia (mais uma vez) acontecido há minutos atrás, interpretei que a ideia de
abrir minhas pernas como uma casa para ele poder ficar à vontade, soava como a
própria personificação de alguma poesia. Era como se cada gemido fosse um
verso, e cada espasmo, um soneto. Sua boca ia falando a minha língua e fazendo
rimas no meu corpo, ora mais ricas, ora mais sujas. As lágrimas corriam porque
era difícil passar ilesa pela força daquele corpo, por aquele olhar de domínio.
Era fascinante ser página em branco para que a cada capítulo, uma nova poesia
fosse escrita.
Era fácil
contar com as lágrimas depois do recital.