quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sem medida

Não consigo pegar no sono.
Minha cama de solteiro pode parecer pequena para os outros, mas para mim é como um imenso deserto. Gosto de ter onde escorar.
O silêncio da noite me atrapalha. Ali, quieta, fico esperando sozinha o sono chegar, e na ausência dele, os latidos dos cães na rua me fazem companhia, enquanto acompanho os passos dos gatos no telhado. Tento ler, mas o tic tac do relógio da cozinha me desconcentra.  Na TV, só bobeira.
 Tomo um chá, faço uma boquinha, ando pela casa de madrugada: Na maioria das vezes o sono não vem. Reparo então como com você é tudo tão mais fácil: Nada de tic tac, miados, caminhadas ou latidos. Basta virar de lado, cheirar seu pescoço e estou em paz. Nem me importo se você pega no sono antes de mim quando o que eu quero é papear na cama. Quando você dorme primeiro, roubo metade do teu espaço no travesseiro e fico no quentinho do seu corpo, ouvindo você respirar cansado até o sono vir para mim. Quando amanhece sempre acordo torta e com mal jeito no pescoço, mas a sensação de noite bem dormida é indescritível.

Já estou (mal) acostumada.



Não se medem bons sonhos com você.

domingo, 3 de agosto de 2014

Ideal de amor

Penso no ideal de amor como um livro vazio. Para a história ser escrita, é preciso quatro mãos, pois um amor ideal não se resume em poucos capítulos, e apenas duas mãos não dão conta de fazer tudo acontecer. Os autores podem ter estilos diferentes, mas ainda assim, devem chegar a um denominador comum em prol da história a ser contada. É preciso disposição, paciência, tolerância e um bocado de paixão para fazer a história acontecer. Uma dose de bom humor, outra de romantismo e ouvidos sempre prontos a escutar também ajudam. É preciso capítulos quentes mesclados com outros, nem sempre tão contentes, afinal o amor de verdade não é sempre cor de rosa.  Alguns parágrafos podem ser bem justificados, e outros, subjetivos, mas sempre retratando o cotidiano e as vivências, que são os verdadeiros combustíveis para a história acontecer. 

Penso no meu ideal de amor assim como Gilberto Gil, que fez para sua mulher, esta que é uma das músicas mais lindas músicas de amor que eu já vi :

É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza.

Qual é o seu ideal de amor?