Não
consigo pegar no sono.
Minha
cama de solteiro pode parecer pequena para os outros, mas para mim é como um imenso
deserto. Gosto de ter onde escorar.
O
silêncio da noite me atrapalha. Ali, quieta, fico esperando sozinha o sono
chegar, e na ausência dele, os latidos dos cães na rua me fazem companhia, enquanto
acompanho os passos dos gatos no telhado. Tento ler, mas o tic tac do relógio
da cozinha me desconcentra. Na TV, só
bobeira.
Tomo um chá, faço uma boquinha, ando pela casa
de madrugada: Na maioria das vezes o sono não vem. Reparo então como com você é
tudo tão mais fácil: Nada de tic tac, miados, caminhadas ou latidos. Basta
virar de lado, cheirar seu pescoço e estou em paz. Nem me importo se você pega
no sono antes de mim quando o que eu quero é papear na cama. Quando você dorme
primeiro, roubo metade do teu espaço no travesseiro e fico no quentinho do seu
corpo, ouvindo você respirar cansado até o sono vir para mim. Quando amanhece sempre
acordo torta e com mal jeito no pescoço, mas a sensação de noite bem dormida é
indescritível.
Já
estou (mal) acostumada.
Não
se medem bons sonhos com você.
Um comentário:
O 'sono compartilhado'... o amor, quando real, deixa a gente mal acostumado
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