quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sem medida

Não consigo pegar no sono.
Minha cama de solteiro pode parecer pequena para os outros, mas para mim é como um imenso deserto. Gosto de ter onde escorar.
O silêncio da noite me atrapalha. Ali, quieta, fico esperando sozinha o sono chegar, e na ausência dele, os latidos dos cães na rua me fazem companhia, enquanto acompanho os passos dos gatos no telhado. Tento ler, mas o tic tac do relógio da cozinha me desconcentra.  Na TV, só bobeira.
 Tomo um chá, faço uma boquinha, ando pela casa de madrugada: Na maioria das vezes o sono não vem. Reparo então como com você é tudo tão mais fácil: Nada de tic tac, miados, caminhadas ou latidos. Basta virar de lado, cheirar seu pescoço e estou em paz. Nem me importo se você pega no sono antes de mim quando o que eu quero é papear na cama. Quando você dorme primeiro, roubo metade do teu espaço no travesseiro e fico no quentinho do seu corpo, ouvindo você respirar cansado até o sono vir para mim. Quando amanhece sempre acordo torta e com mal jeito no pescoço, mas a sensação de noite bem dormida é indescritível.

Já estou (mal) acostumada.



Não se medem bons sonhos com você.

Um comentário:

J. BRUNO disse...

O 'sono compartilhado'... o amor, quando real, deixa a gente mal acostumado