sábado, 26 de novembro de 2011

Chaplin e sua imortal imagem



Logo no começo do mês passado fiquei sabendo que aconteceria em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake, uma exposição de fotos e vídeos sobre Charles Chaplin. Logo que vi, pensei ''Não perderei por nada nesse mundo! '‘. Acontece que com a correria do dia-a-dia,(leia-se trabalhos da faculdade,stress no trabalho e outras mil preocupações) eu fui deixando para lá. Ontem me dei conta de que este é o último fim de semana em que a exposição estará em cartaz. Confesso que quase desisti por causa do cansaço e da falta de companhia,mas no fim das contas algo me disse que se eu fosse,mesmo sozinha,não iria me arrepender de forma alguma .

A mostra 'Chaplin e sua imagem ' consiste em um apanhado de toda a carreira de Charles Chaplin, que nasceu em família de artistas e conheceu os palcos desde pequenino, através de mais de 200 fotos (algumas delas inéditas) e vídeos do artista.

A grande sacada da exposição é mostrar a obra de Chaplin através do nascimento e ''morte '' de seu personagem mais emblemático: o vagabundo Carlitos, que foi criado e apresentado por Chaplin em 1914, em ''Carlitos Repórter''.

Nos primórdios de Carlitos, o personagem tinha como característica principal uma malandragem que lhe conferia certo ar de vilania: cobiçava a mulher alheia e trapaceava, além de ter no rosto uma expressão pesada e um sorriso torto, feio. Pode-se conferir o Carlitos ''vilão'' em filmes como ''Carlitos quer casar'',''Mabel at the Wheel'' e ''Carlitos bombeiro''.

A partir de 1917,quando assina contrato com a First Nacional, Chaplin passa a ter o controle criativo de suas produções,e decide tornar o personagem de Carlitos mais humano : para isso ,carrega na maquiagem para poder criar mais expressões e troca o tenebroso sorriso por uma dose de doçura . A malandragem do vagabundo permanece ali presente,o que muda é seu olhar que se torna acolhedor, e nos inspira carinho,além de uma graça quase ingênua,quase infantil.

Com o passar dos anos e o desenvolvimento do personagem,a grande curiosidade do público era ouvir a voz do adorável personagem e de seu criador. Chaplin queria que o personagem permanecesse mudo, mas sua voz foi revelada na década de 1930, que marca um Charles Chaplin mais maduro e seguro para mostrar suas opiniões. Dessa época ,temos contato com sua visão política,crítica social e temas como a relação do homem com as máquinas em filmes como Luzes da Cidade, O grande ditador e Tempos modernos, primeiro filme em que aparece a tão aguardada voz de Carlitos. A esperada cena é mostrada quase ao fim do filme, e nela ,Carlitos aparece cantando.Nessa cena temos mais uma mostra da genialidade de Chaplin, que dizia que através do silêncio de Carlitos conseguiu alcançar uma linguagem universal,e que aquele silêncio era uma ''graça formidável'' : O personagem cantou,mas cantou numa língua inventada ,da qual não se entendia palavra alguma. Chaplin,que sempre havia usado a expressão corporal como linguagem, conseguiu adiar o momento da fala por um momento,usando apenas do SOM para saciar a curiosidade de seu público. O grande ditador foi o filme que marcou a despedida do personagem : Chaplin não via sentido em permanecer com o personagem em tempos de cinema falado.

A exposição mostra também como Chaplin influenciou diversas épocas: desde os milhares de imitadores até a pintura cubista de Fernand Léger.

Ainda bem que dei ouvidos a minha intuição, pois degustei cada foto e cada vídeo, e saí com os olhos marejados com tudo o que vi.

Chaplin é um artista genial e o cinema com toda certeza lhe deve muito. A mostra ressaltou de maneira feliz, o quanto é necessário celebrar artistas como ele e o quanto sua obra tem impacto atemporal de 8 a 80 anos.

Para ilustrar essa postagem,encerro com a famosa cena em que a voz de Carlitos é revelada.

Beijos da Pretah !


domingo, 20 de novembro de 2011

Por dentro da Pele de Almodóvar



O ano de 2011 está chegando ao fim, e sempre que um ano termina eu logo faço minha retrospectiva mental em forma de listas sobre o meu universo: as músicas que mais mexeram comigo, as exposições mais bacanas que assisti e por fim, os filmes que mais me emocionaram.

Esta última lista devo confessar, é a minha favorita e devo dizer que a disputa pelo primeiro lugar estava concentrada entre o adorável Meia noite em Paris, de Woody Allen e o desconcertante Árvore da Vida, de Terrence Malick quando de repente estreou aquele que tomou seu lugar no topo de minha lista e com louvor: A pele que habito, de Pedro Almodóvar.

Fui ao cinema sozinha numa tarde de sábado ensolarada, cheia de curiosidade de conferir se Almodóvar manteria a tradição de me impressionar e nunca me decepcionar com seus filmes, e fiquei muito contente em ver que além de Almodóvar voltar em seu melhor estilo, retornou com Antonio Banderas no elenco, com quem não trabalhava desde 1990 em Ata-me.

Em A PELE QUE HABITO, vemos tudo que é característico no cinema de Pedro Almodóvar: suas cores gritantes, personagens com traumas que se revelam no decorrer do filme e a presença feminina imponente, sexy... sexual.

A história gira em torno de Robert, personagem de Banderas, um reconhecido cirurgião plástico que mantém a belíssima Vera (Elena Anaya) como refém e está fazendo experimentos a fim de criar uma pele mais resistente que a humana. Até aí, podemos até classificar o filme como ficção científica ou suspense... Houve até quem o classificasse como terror. Mas essa é apenas a capa,o que vemos na superfície. No decorrer da história, há o entendimento para o comportamento de Robert, e através de flashbacks no meio do filme, A pele que habito começa a se revelar aos nossos olhos. Já com o segredo revelado, o filme torna-se mais e mais interessante a começar pelo título, que começa a fazer pleno sentido.

A trilha sonora de muito bom gosto é de Alberto Iglesias e também é parte fundamental do filme.

A pele que habito é um filme bizarramente inteligente, exagerado e desconcertante, que merece ser degustado com toda a paixão possível. De todas as classificações possíveis para esse filme, a melhor a se fazer é ‘’UM FILME DE ALMODÓVAR’’.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Glory Box

O rádio ligado repetia a mesma música há alguns pares de horas e sempre ecoava o mesmo significativo verso: ''I just wanna be a woman''.
Enquanto escutava a música, ela o olhava com afinco e tentava entender a força que a mantinha ali, com o olhar fixo naqueles olhos que miravam distante.
A razão estava nos muitos detalhes daquele homem que a encantava de maneira singular.
''você me superestima, me vê com olhos de paixão'', dizia ele.
E será que ele, afinal de contas, não estaria certo ? Ela também fazia para si o mesmo questionamento.

O fato é que a mulher citada na canção, que também ela gostaria de ser o tempo todo, encontrava-se quando ele se fazia presente. Os tais ''olhos da paixão'' enxergavam o homem que ela sempre havia idealizado, e perceber que não mais se tratava de uma ilusão a atordoava e ao mesmo tempo a preenchia de um tipo de felicidade que não mais estava atrelada ao medo de perder, mas sim à sensação de ''que seja eterno enquanto dure''. O que ela queria é que, os impiedosos minutos que insistiam em correr, tivessem preguiça de passar enquanto ela estava ali.
Cada detalhe era de grande valia: desde a cara de êxtase na hora da cama até as piadas sem graça que compartilhavam na hora da pizza.
O cheiro, o toque, a língua, o abraço... Queria fundir-se a ele, queria ter sempre uma resposta pronta ao seu jeito de desarmá-la.

A música cantava seu desejo de ser uma mulher e, enquanto isso, ela ia colocando à mostra seus desejos, como se os tivesse retirando de uma gloriosa caixa que sempre esteve ali, preparada unicamente para ele abrir e desfrutar.
Foi dormir feliz afinal, porque se deu conta que aquilo poderia ser o princípio de um possível ''para sempre''. O que ela faria ao findar essa eternidade era outro capítulo...


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Palavras repetidas


Queria transcrever no papel o turbilhão de sentimentos que você causa,amor.Queria eu fazer-te em versos de forma inédita,mas sua grandeza me remete a versos consagrados e tenho medo de que meus sentimentos sejam mera tolice frente aos poetas que te definem tão bem.

O que dizer de ti se eu já te vejo em linhas que não são minhas? Como transformar todo seu encanto em poesia, quando um simples toque parece ter saído das tintas de Neruda, “Tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha... tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho''?

Como dizer em palavras minhas o que sua presença significa já que Vinícius,aquele que viveu a paixão como ninguém, respondeu-me que ''é um sossego, uma unção,um transbordamento de carícias''?

Seria bom se eu pudesse inventar palavras como o ''teadorar'' que Bandeira já inventou e que tão bem lhe cabe,mas diante do choque paralisante que sua lembrança exerce em mim,as palavras todas ficam vãs e me sinto incapaz de me arriscar a inventá-las.

Só sei dizer que quando eu te vejo querido,o dia se abre.O próprio Pessoa diria que você é ''a tela irreal em que erro em cor a minha arte'',e em tudo concordo,menos no irreal,pois ter a ciência de que você é realidade me desconcerta ... me faz querer ser grande como Byron,Drummond,Florbela e tantos outros,para cantar-te e saudar a poesia que é você.

Queria fazer rimas com seu olhar que conversa com o meu num silêncio que conforta o coração, e poder fazer de nossas peles uma só,formando uma coisa infinita como a sensação de ser mulher ao lado teu.

Enquanto não consigo,sigo contemplando os poetas que me ajudam a te interpretar,e assim,vou tentando encontrar uma forma unicamente minha de lhe descrever.


Obrigada Ana Cecília,pela ajuda e revisão,sempre tão bem vindas ;)



sábado, 30 de julho de 2011

Extremos

O que me cansa é o ter de recomeçar.

Já sofri uma, duas, várias vezes... e com o passar do tempo e das decepções eu fui criando um medo inexplicavelmente forte em mim.

Sou feita de extremos que eu mesma não entendo. Extremos que se confrontam mas que na maioria das vezes também se respeitam : quando um chega,o outro recua.

Uma grande parte de mim é pura paixão e grandeza de espírito. Sou daquelas que se doam sem ligar se está ou não fazendo um papel ridículo.O que me faz feliz é poder dar amor,mostrar o que sou do fundo de toda a minha exagerada sensibilidade.

O problema é quando minha vontade de me fizer amada esbarra na barreira da falta de reciprocidade. Esta é minha grande inimiga ... Sempre chega uma hora ou outra para trazer a sombra onde eu pensava haver luz.

E assim como diz a canção do Jards, ''eu estou tão cansada'' de querer receber algo que até agora não recebi e que eu acho que eu mereço tanto, uma vez que sempre tiro amor das minhas reservas que nunca se esvaziam. Pelo lado contrário das reservas do amor que eu dou, o canto que deveria receber está sempre pela metade. Eu não gosto de pouco porque não dou pouco e assim não sei o ser . Se o faço, trato de desfazer logo o engano porque eu não sei omitir o que eu sou e o que eu posso dar.

O preço eu pago alto: sempre sofro no final e me odeio por sofrer e esperar que tudo seja belo como num conto de fadas. Recomeçar cansa,mas se faz necessário.Depois que essa onda ruim passar, vou juntar meus extremos e ficar inteira,do jeito de deve ser.



domingo, 19 de junho de 2011

A bruxa


Drummond , eu te amo!

Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?

E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.

Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
querendo romper a noite
não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
exalando-se de um homem.

Carlos Drummond de Andrade


sábado, 7 de maio de 2011

A vida é bela

Minha natureza é totalmente sonhadora... As vezes chego a pensar se de fato sou normal ou deste planeta.O que me faz ver graça na vida são os pequenos detalhes que fazem toda a diferença.

Hoje resolvi fazer algo que não fazia há algumas semanas : sentar-me em meu sofá e curtir um filme.O primeiro que me veio em mãos foi A VIDA É BELA. Apesar de já ter se tornado um clássico eu nunca havia assistido, mas posso dizer,que uma vez visto,com toda certeza entrou para o rol dos filmes que me marcaram de forma arrebatadora.

O filme é uma belíssima mistura de drama e comédia. Dirigido e estrelado por Roberto Benigni,a história é ambientada durante a segunda guerra mundial e pode ser dividida em duas partes : a primeira , totalmente cômica,mostra as aventuras de Guido (Benigni) ,um homem judeu simples , de alegria e malandragem Chaliniana,para conquistar a jovem Dora,a sua ‘princesa’; uma professorinha que adora ser surpreendida e está de casamento marcado com um jovem endinheirado.

Com toda sua esperteza e desenvoltura,Guido acaba por conquistar a bela Dora -que se torna sua esposa - e alguns anos depois,com o nascimento do pequeno Giosué somos levados à segunda parte do filme,a dramática.

Guido e seu filho são capturados por alemães e levados ao campo de concentração.Dora,que por sua vez não é judia,decide seguir sua família,numa prova de extremo amor e coragem.

A beleza do filme está no imenso esforço que Guido faz para não deixar que seu pequenino tenha consciência do horror que está por vir. Ele inventa que estão a participar de um grande jogo,onde os vencedores ganharão um verdadeiro tanque de guerra se seguirem regras como manter-se calado,escondido e não pedir merenda.No jogo,ao se respeitar tais regras,eles acumulariam pontos.Ao chegar no milésimo ponto,o jogo findaria.

A vida é bela foi merecidíssimo ganhador dos prêmios Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor ator no ano de 1998.

O filme vem muito de encontro com o amor materno /paterno.É lindo ver como o pequeno Giosué crê em seu pai,que é para ele um ídolo.Da mesma forma como é tocante ver Guido fingindo não sentir pavor ou medo da situação em que se encontrava em nome do bem estar de seu filho.Seu instinto protetor e sua ESPERANÇA me chocaram tão profundamente que comecei a pensar na minha natureza tão sonhadora e romântica,que sempre vê alguma flor onde há tormenta, e que sempre vê o amor entranhado nas coisas findas e lindas,que para sempre ficarão.

Há quem veja como loucura o fato de ser sonhador e muito sensível em todas as questões,mas depois de assistir A VIDA É BELA,entendi perfeitamente os versos que dizem ''...Mas louco é quem me diz

E não é feliz, não é feliz.''



domingo, 20 de março de 2011

Irreversível



Ano passado me aventurei por outro blog,o BLOG DOS 4 , que infelizmente não deu certo nem teve muitos visitantes.Uma das postagens que fiz por lá era para originalmente estar aqui no Horas , visto que se trata de um filme que marcou muito a minha vida.Então,resolvi trazer a postagem para cá,para que vocês que me leem possam conhecer ou relembrar este filme.Espero que gostem!

Dos filmes que assisti nos últimos anos, poucos se tornaram inesquecíveis.

Entre eles,destaco Irreversível,de 2002.

O filme do diretor Gaspar Noé tem uma história bem simples,mas mostrada de um jeito estarrecedor e único,fazendo com que o filme se torne 8 ou 80 : ame ou deixe-o.

A trama gira em torno do apaixonado casal Marcus e Alex (Vincent Cassel e a lindíssima Mônica Bellucci).Depois de uma briga durante uma festa, Alex vai embora sozinha e numa estação de metrô é brutalmente espancada e estuprada.A partir daí,Marcus e seu amigo Pierre (Albert Dupontel ) começam uma caçada atrás do sujeito que fez isso com Alex.

História simples,até previsível.....não fosse a forma com que ela nos é mostrada:

O filme é contado de trás para frente....nos primeiros minutos do filme nos é apresentada a cena em que Marcus e Pierre estão em uma boate gay,onde encontram o estuprador....esta é uma cena violentíssima,repulsiva até: o estuprador quebra o braço de Marcus e Pierre o ataca o estuprador com um extintor de incêndio, dando-lhe vários golpes no rosto,desfigurando o homem...uma cena perturbadora e nojenta,aliada a música,que faz com que sintamos mais enjôo ainda.

Outra cena, esta uma das mais polêmicas, é a do estupro de Alex. A cena nos é mostrada sem cortes... são aproximadamente 10 minutos de uma cena muito bem feita por Monica Bellucci, mas ao mesmo tempo,igualmente repulsiva e até revoltante.

O grande barato deste filme (para aqueles que resistem a estas violentíssimas cenas) é ver como ele passa de repulsivo à amável. As cenas finais revelam a intimidade de um casal jovem e apaixonado, revertendo toda a ótica de violência apresentada anteriormente.

Desta forma podemos analisar como as pessoas oscilam... como tem a capacidade de amar e odiar ao extremo.

O filme concorreu à palma de ouro do festival de Cannes e merece sim ser visto, mesmo por aqueles de estômago não tão forte, pois já fez história no cinema e assisti-lo é uma experiência única.




Beijos da PRETAH !

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Elisa Lucinda trouxe o frescor da poesia aos meus olhos



Olá queridos!

Para minha retomada do blog,que está de visual novo,resolvi vir recomendar a vocês um dos últimos livros que eu li e que me deu uma enorme satisfação e inquietação . Trata-se de EUTE AMO E SUAS ESTREIAS, da poetisa ,atriz e cantora capixaba ELISA LUCINDA.

Eu já conhecia seu trabalho de atriz e até já tinha ouvido algumas canções em sua voz, mas não me aproximei da poesia,talvez por medo do novo,visto que eu sou muito grudada à poetas já clássicos como Drummond,Vinícius,Florbela ou até mesmo o Álvares de Azevedo . Acontece que quando ,por mero acaso e alguma curiosidade peguei seu livro , um novo mundo se abriu frente aos meus olhos : me apaixonei pela sua forma tão direta e reta de falar de temas cotidianos . É gostoso notar também que sua poesia é permeada por um bom humor muito natural,assim como as certas doses de erotismo em certos poemas : tudo sutil e ao mesmo tempo à queima roupa . Uma delícia de leitura. Sua feminilidade é impressionante .

O fato é que após ler o livro e revisitá-lo algumas vezes, senti muita vontade de me abrir para o novo,pois afinal a poesia é como o tempo : ela não para; ela está em tudo o que se vê...basta ter olhos para enxergá-la e coração para sentir.

Fica aqui então minha recomendação de leitura.

Abaixo , deixo vocês com duas poesias de Elisa que eu adoro,uma delas declamada (ou estragada) por mim . Espero que gostem ...e que vocês tragam poesia para as suas vidas,pois ela se faz necessária.

Beijos da PRETAH!

Do príncipe ao sim

O homem que eu amo
veio de tanto eu pedir
mas quando parei de esperá-lo
veio quando eu ao depená-lo
do meu sonho receio,
permiti que em vez de início ou fim
ele no meio de mim
fosse só o meio.
Não meio no sentido tático
de jeito ou de modo.
Meio no sentido de durante
de enquanto
de presente.
Quando abandonei o título futuro
definitivo da eternidade
o rótulo azarento de garantia
no departamento de intimidade,
quando abandonei o desejo
de ressarcir aqui
o que perdi na antigüidade,
meu homem chegou cheio de saudade
ocupando inteiro
seu lugar de meio
sua inteira metade.




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reprises sobre amor e sexo


Olá meus queridos.Após mais um longo tempo sem dar as caras por aqui,resolvi voltar trazendo duas reprises de poemas meus postados por aqui em 2010.Um tem como tema o amor,poema que fiz com o querido AKINS KINTÉ ,e o outro,sobre sexo eu fiz inspirado no livro O AMOR NATURAL, de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.

Recordar é viver,não?! e viver com amor e sexo é bom demaais...então espero q curtam a reprise,meus caros.

Beijos da PRETAH!

O amor e seus segredos


O amor tem um que de dor.
um que de medo....
quem ama vive nesse limite,
na corda bamba da emoção.

Amor tem um que de samba,
um que louco de razão
nem dez nem vinte
desvendar de segredo,
loucura de fulgor...

Amor, doce da vida
bálsamo e veneno

uma dádiva,e sem dúvida
a dívida é a paga triste do sereno

Amor,desejo de pertencer,
de simplesmente ser.

E se o amor tem um que de medo,
tem que ter coragem
para enfrentar o dragão
do desafio

e se alma corre pro rio,
o rio do coraçao
há que se amargurar nessa doce e longa viagem
no mar do amor e seus segredos.

Joyce Domingos/Akins Kinté


SOBRE O SEXO

Sexo é o aquecer da pele

O eriçar dos pelos,

O corpo se arrebatando nas

Entrelinhas do prazer...

É cheiro de acidez

Que se transforma

Em coisa lúdica...

Lúdicos desejos

Que se dão no chão,

No mar,

Na lama

Na cama.

É poesia brusca,

Suja, amassada...

Desejo que ataca

Na hora absurda e

Inesperada...

é um breve momento

que se estende no infinito...

mundos que se criam na tinta branca

das quatro paredes de um quarto.

É troca,

É busca,

plenitude.

Amor em forma física...

Luxúria em cores vivas,

Nomes feios que acendem

O desejo...

Esta chama,

Este vício,

Este estopim de pecado

É sexo,é só sexo...

Aquele sem juízo,

Aquele que dá febre

O da procura contínua,

Do doce desejo insaciável

E sem fim....

...

...

...



domingo, 23 de janeiro de 2011

Trilhas que me marcaram


Olá meus queridos! Meu segundo post de 2011 será sobre trilhas sonoras . Estava eu em meu facebook após uma sessão pipoca e comecei a pensar em como paara um filme nos emocionar,além da história e uma boa direção,há que se ter uma boa trilha sonora . Ela dita as emoções .... e se bem feita,se torna inesquecível . Resolvi então postar aqui algumas que me marcam muito por fazerem parte de filmes que gosto sempre de revisitar .Vamos então a elas?

A primeira é do filme ROMEU E JULIETA que já postei aqui no horas . Além de ser um filme clássico,de uma história clássica, a trilha nos insere na história desse louco e doce amor . Para mim é inesquecível!


Mais uma trilha que me deixou vidrada ! Esta é de O BEBÊ DE ROSEMARY ,clássicão do terror que é obrigatório. É daqueles filmes que não precisa ser banhado em sangue para assustar.....e a certa doçura da trilha , no caso essa canção de ninar,é bem sinistra.



Por falar em clássico ,aqui está a trilha de mais um filme daqueles que julgo indispensáveis. BONEQUINHA DE LUXO já valeria a pena só pela beleza estonteante de Audrey Hepburn , que inebria e entontece . Moon river já apareceu em diversos filmes,mas não tem jeito ...pertence à bonequinha .... UM LUXO!



A penúltima que escolhi é a trilha do FORREST GUMP ...um filme tão terno ,tão.....tocante! Essa também é daquelas que quando toca a primeira notinha todo mundo reconhece. Meus olhos marejam com essa trilha!



A última que é uma maravilha de nosso cinema . Além de todo bom humor e sensualidade de DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS , o filme conta com uma trilha sonora de primeiríssima classe...que se insere claramente na história e que com certeza contribuiu para que o mesmo se tornasse inesquecível.



O que acharam? Espero que tenham gostado. Logo volto queridooos^^ beijos da PRETAH!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Primeiro post de 2011


Como primeiro post de 2011,um som pra gente Caetanear.Prometo que logo volto com novos posts (se deus quiser) carregados de inspiração.

Desejo a todos vocês que me leem um ano maravilhoso....nunca é tarde para desejar isso. BEIJOS da Pretah para todos :)

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando a pele de ouro marrom
Do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel
Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu
Ela me conta sem certeza tudo o que viveu
Que gostava de política em mil novecentos e sessenta e seis
E hoje dança no Frenetic Dancin’ Days
Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
Com alguns homens foi feliz com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor
Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz, vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão
As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse não
E eu corri pra o violão num lamento
E a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento .....