segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Sobre Mother!

Estou maturando Mother! na minha cabeça há dois dias, quando fui assistir num final de tarde de sábado.
Após assistir ao filme, claro, procurei textos a respeito, podcasts,e opiniões de amigos sobre  o que se passou no longa. Há todo este enfoque de (re)tratar assuntos de cunho bíblico em Mother!. Eu, em minha primeira leitura, não fiz esta alusão. Acho que o que encanta no cinema é esta característica de obra aberta: Cada um que assiste tem um sentir a respeito. Os gostos e significados diferem e é esta enorme colcha de retalhos de opiniões que engrandece a obra. A troca de ideias e pontos de vista faz o filme continuar existindo.
Então, para além do que li nas críticas, fico com a interpretação que o filme me passou. A personagem de Jenifer Lawrence me lembrou muitas mulheres que mesmo sendo as "musas" de um relacionamento,seu esteio e alicerce, não têm suas vozes ouvidas e são subjugadas, ignoradas em seu sentir. O filme para mim fala sobre se dedicar a algo de corpo e alma e não ter retorno. Sobre nunca ser o suficiente. Sobre gritar e ter seu grito sufocado, esquecido.
Depois das duas últimas cenas lembro que ali,no cinema, enquanto rolavam os créditos e eu ouvia pessoas saindo dando risada (!!!) caí em um choro compulsivo de dor. Mother! tocou partes de mim que não imaginava que pudesse tocar. 
Não sei se a intenção de Darren Aronofsky ao fazer o filme foi brincar de Deus ou ser atrevido ao ponto de nos perturbar na cara dura. O fato é que ele conseguiu fazer um filme provocador, que nos move a pensar em meio ao caos e que testa nossa capacidade de assistí-lo até o final.

Nenhum comentário: