quarta-feira, 14 de junho de 2017

Carta Aberta


Estive pensando em um modo legítimo de pelo menos secar o entorno do meu peito transbordado sem cair em tristezas e lamentações que não levam a nada.
Resolvi então em escrever uma carta para cada lembrança que você me causa.
 Não tenho como saber se você vai ler essas linhas tortas, mas dizendo ao papel as coisas que me vão ao coração, vou limpando meu terreno interno pelo menos até a nova onda me inundar. Tornar o pensamento verbal em palavra escrita tem peso medicinal. É alívio imediato fazer do papel um cúmplice.
Senti saudade do seu sorriso ontem. Meu deus, poderia escrever um livro descrevendo o momento do seu sorrir!  O que me é favorito é aquele furtivo, que sai do inesperado quando você se depara com qualquer detalhe de beleza, seja um parágrafo bem escrito num texto de jornal ou um acorde bonito de guitarra. 
Foi seu sorriso que me causou o primeiro de muitos encantos.
Lembrei como sua risada é sincera. Digo isso porque você não ri de qualquer coisa. Eu, que sou palhaça e rio de qualquer besteira - alto lá, que certo critério eu tenho! – te chamava de esnobe na minha cabeça, porque achava absurdo não rir de certas bobagens ou memes do momento. Aprendi com o tempo que aquele ar desdenhoso frente às besteiras que te mostrava não era uma afronta a meu modo solto de rir. Era apenas um jeito tão seu de não jogar qualquer risada ao vento. Isso deve ser coisa que vem com a maturidade, não é?
Como a carta é aberta, não vou fazer fechamentos por hora. Sim, usei  um trocadilho ridículo. Sempre gostei de fazer trocadilhos sem graça perto de você. Às vezes você até que achava graça. Eu sei que achava... 
Eu via em seu sorriso.

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