quarta-feira, 28 de junho de 2017

Drão

“Não há o que perdoar, por isso mesmo é que há de haver mais compaixão.”

Esse verso é uma das coisas mais lindas que poderiam sair da cabeça, coração e alma de um ser humano.  É também um dos maiores mistérios da vida, na minha singela opinião. Não só o verso em questão, mas a canção inteira. Gilberto Gil escreveu Drão na ocasião de um término. Gostaria de perguntar a ele de onde saiu tanto tato para, do alto de um momento difícil, escrever cada palavra desta música. Todas elas juntas formam uma bela lição do que é o sentimento de amar. Do que é a transformação do amor. Do que tem que morrer pra germinar.
Essa música, além de me fazer chorar pela beleza, me faz chorar de admiração. Olho para cada frase e entendo tudo com minha cabeça, mas tenho certeza que me falta ainda muita vivência para alcançar algo que creio que Gil teve de sobra ao escrever Drão. Falta Sabedoria.  
Quanto tempo será que leva para entender de coração que é preciso mais compaixão e menos culpa? É um exercício de humildade, de ser fraterno, de menos egoísmo. Como é difícil não ser egoísta! Como é trabalhoso cavar um espaço na própria dor para observar o buraco da dor do outro. Penoso também é o problema da culpa. Por que será que queremos tudo preto no branco? Para quê precisamos de um responsável sempre? Será que culpar alguém nos faz menos doloridos?
Olho o que Gil diz em Drão e observo  o abismo que é o entendimento das coisas na teoria e na prática. Penso se nossas formas egoístas de amor o invalidam. Lembro que somos todos humanos. Como humanos, não nascemos sabendo. Vamos caminhando pela vida, tateando as emoções, nos moldando, aprendendo.
Tem gente que é mais iluminada e aprende a ser sábio mais cedo. Os poetas como Gil, por exemplo. Tem gente que vai vivendo e tateando e almejando encontrar a luz pela dura caminhada da vida.

Espero logo poder encontrar a minha.




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